terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Despedida

‘Deixo presidência, mas não pensem que vão se livrar de mim’, diz Lula

Presidente se despede de Pernambuco com discurso emocionado para milhares de pessoas que lotaram o Marco Zero

 



Com os olhos marejados e precisando interromper o discurso uma vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se despediu de Pernambuco, na noite desta terça-feira (28), num Marco Zero lotado, com um público que começou a chegar a partir das 15h. Ao subir ao palco montado para as solenidades e o show de despedida, Lula foi muito aplaudido por quem esperava pela presença do pernambucano, mesmo com um atraso de mais de duas horas. A previsão de chegada do presidente ao local era às 17h40.

Mas, antes de se despedir, prometeu que vai deixar apenas a presidência e que o povo não irá se livrar dele. “Deixo apenas a presidência, mas não pense que vão se livrar de mim, porque estarei pelas ruas desse país trabalhando e lutando para melhorar a vida desse país.”

Na 40º visita ao estado durante os oito anos de mandato, Lula iniciou a passagem por Pernambuco em Suape ao participar da solenidade de lançamento da fábrica da Fiat. Depois, ele seguiu para o Marco Zero, no Recife.

No palco, Lula entregou o termo de cessão de uso gratuito de um terreno para a Associação Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque. O terreno fica no bairro do Cabanga e será usado para a construção de uma escola de música.

Em seguida, o presidente assinou a ordem de serviço para o início das obras do Cais do Sertão – Memorial Luiz Gonzaga, que funcionará num dos armazéns do Porto do Recife. O local abrigará a memória do Rei do Baião. E antes dos discursos, recebeu do governador Eduardo Campos a faixa da Ordem do Mérito dos Guararapes, a maior comenda do Estado.

DISCURSO DE LULA
Como marcou sua passagem pela presidência, Lula deixou o discurso de lado e falou de improviso. “Não vou ler o meu discurso hoje porque quero falar com vocês. Primeiro, vocês percebem que estou de faixa. Como vou entregar minha faixa de presidente no próximo sábado para Dilma,vou aproveitar e dormir com essa para não esquecer da faixa de Pernambuco”, falou em referência a comenda.

Sem esconder a emoção, Lula disse que não ira se alongar no discurso porque ainda iria passar por Fortaleza e Bahia. “Vou fazer uma fala curta porque vou para Fortaleza e para a Bahia e não quero chorar mais do que já chorei. Político chora para dentro. Eu confesso que choro para fora porque não era normal que um retirante de Caetés que fugiu para não morrer de fome se transformar num presidente do Brasil. Isso só pode ser obra de Deus.”

Lula lembrou ainda do dia em que deixou Pernambuco rumo a São Paulo, como um retirante. “Sou agradecido pelo carinho que tiveram comigo ao longo da minha trajetória política. Sai de Pernambuco no dia 13 dezembro de 1952 para ir para São Paulo e só voltei a Pernambuco em 1979 para conhecer a terra onde nasci,que pensava que era Garanhuns, mas já tinha virado Caetés. Aprendi com vocês em 1989 quando fui candidato a presidente pela primeira vez que não era possível o Brasil da certo se ele não tivesse um presidente que conhecesse o Brasil na sua totalidade. Era preciso que um presidente tivesse um olhar total do seu país para poder governar distribuindo possibilidade para todos.”

Ao relembrar uma passagem por Casa amarela, na campanha de 1989, Lula se emocionou e precisou interromper o discurso por alguns segundos. Ele lembrou quando uma mulher, que tinha apenas um barroco teria dito que não votaria nele porque acreditava que iria perder tudo o que tinha. “Eu perdi 89, perdi 94, perdi 98. Eu perdi porque uma parte do povo pobre deste país, que deveria ter votado em mim, não votava com medo. Porque ele pensava: como eu não sei nada vou votar num cara que não sabe nada que só tem um diploma primário. Depois, ganhei as eleições e comecei e ficar preocupado. Pensei, será que tenho condições de governar esse pais? As vezes deitava no Palácio da Alvorada e pensava, será que é verdade, Marisa, que estamos aqui onde dormiram tantos presidentes?”

E, como último ato público como presidente, Lula destacou que gostaria de agradecer a lealdado do povo pernambucano e do governador Eduardo Campos, a quem classificou como um menino que vai ainda mais longe. “No meu último ato público como presidente, quero agradecer, Eduardo Campos, pela lealdade, companheirismo e parceria que nós conseguimos construir. Ele vai ser muito mais.”

Lula também não esqueceu de pedir apoio para a presidente Dilma Rousseff. “Gente, a palavra de ordem é apoiar a companheira Dilma, Eduardo. É trabalhar porque ela vai fazer por vocês mais e melhor. Ela será parceira de Pernambuco, podem ter certeza disso. Ela conhece o Brasil e junto com Eduardo, vai fazer muito mais. Pernambuco vai crescer e dizer ao mundo que quer participar do desenvolvimento do país”.

Ao finalizar, Lula disse que deixa a presidência, mas que o povo não se livrará dele. “Deixo apenas a presidência, mas não pense que vão se livrar de mim, porque estarei pelas ruas desse país trabalhando e lutando para melhorar a vida desse país.”



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